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Além das malas


“Se não fossem as minhas malas cheias de memórias... não seria eu” somos produto de nossas escolhas, de nossas vivências e história, “foi o resto da vida inteira que me fez assim”, canta Clarice Falcão. Além de sermos o resultado de tudo já vivido, somos, ainda o que virá. A vida, bem como a cultura, está sempre em movimento e em constantes mutações. O sujeito é plural, uma mesma palavra pode ter diferentes sentidos de acordo com o lugar sócio-ideológico daqueles que a empregam, a língua se insere na história para produzir sentidos. Cada sujeito transmite um discurso, que pode dar diferentes sentidos conforme seu emprego.

Qualquer ato, por mais corriqueiro que seja, está carregado de sentimento, mas também sentido para quem o compartilha. Há muitas maneiras de se ver o vendedor de sorvete no parque, a criança pedindo doce pros pais, um professor em sala de aula, um andante na rua, um secretário em oficio, um casal se beijando ou “discutindo” na rua... Em tudo há um pouco de poesia, de entrega, de emoção, mas também de interpretação (ões). Já dizia Bakhtin, que os discursos não são fixos, estão em movimento e passam por transformações sociais e políticas de toda natureza. Apropriamo-nos da sociedade, bem como de sua cultura, para que possamos modificá-la e sermos modificados, sou eu, mas posso ser a diferença no contato com o outro. Por isso, tomar um vinho, comer um chocolate, pegar um livro, digitar no computador, arrumar a cama, limpar a mesa. Vai muito além, desses simples atos.

A simples decisão de ir até a esquina comprar pão, me dará experiências, a quem preferiu ficar no quarto, o que pode proporcionar alterações do ponto de vista e do “eu” com relação as vivências. Por isso e por outros motivos, que não podemos esperar que o outro tenha a resposta que esperamos dele.


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