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Anne com "E" também é atual

Há alguns dias, por recomendações, assisti à série “Anne With An E”, pela presença descontraída de uma professora, que para a sociedade da época, era vista até mesmo como atípica para o ambiente. Essa professora, em função de seu estilo, até certo momento era tida como não aceita por algumas pessoas, sendo considerada por vezes uma má influência para os alunos. Além de chamar atenção pela forma de ser, suas aulas fugiam do padrão tradicional.

Mesmo a série trazendo essa professora somente nos últimos episódios, com uma presença marcante, pela sua autenticidade, mas não somente. A série aborda vários outros temas e tabus, que (ainda) andam muito em voga no nosso atual contexto, como: racismo, machismo, bullying, feminismo, homossexualidade, adoção e conceitos de família.

Trouxe questões raciais, em que negros viviam em situações escravistas ou de forma subalterna para sobreviver as desigualdades daquele tempo. Levantou ainda, outros temas de cunho preconceituoso, como o machismo, uma sociedade patriarcal tão presente, quanto por vezes nos dias de hoje. Foi um período marcado também por questionamentos e pelo tipo de papel que a mulher tinha naquele meio. Algumas mães viam em suas filhas, as chances que não tiveram em viver o mundo e ter sua própria autonomia.

Retrata histórias de bullying, em que pessoas, por apresentarem ideias ou características diferentes de certos grupos, acabam por ser atacadas ou mesmo excluídas. Esse bulliyng pôde ser ora entre as crianças, ora entre crianças e adultos, mas também entre os adultos, quando levam em conta opiniões alheias para julgar a professora “novata” na localidade.

Feminismo é um ponto alto na série, que exerce vários tipos de relação entre as personagens e a sociedade, pode-se ver no papel da professora, mas especialmente no papel da menina sonhadora Anne, em que mesmo nas adversidades impostas à ela, não deixa de ser quem é, e ainda incentiva demais pessoas, despertando nelas uma certa vontade de questionarem o modelo de sociedade em que vivem e o que são, como seu amigo Cole, que após uma confraternização “alternativa” para época, passou a se reconhecer como um garoto gay. Anne, além de encarar a realidade de uma forma única, poética e dramática, vê ainda, na leitura uma forma de fuga do dia a dia.

Com sensibilidade, a série passa ainda um vínculo entre mulheres, amizade e a lealdade. Anne é a protagonista da série, é adotada por um casal de irmãos, que esperara no entanto, por um menino para ajudar nos afazeres da fazenda, tal “troca” provocou um inicial desencanto. Mas com a esperteza, inventividade e vivacidade, Anne leva a trama de forma engraçada, romântica e sonhadora, que a distanciou de algumas pessoas e a aproximou de outras.

Quase inacreditável, que uma história baseada em um livro dos anos de 1908 – da era Vitoriana - no Canadá, possa ainda hoje fazer tanto sentido e ser tão atual, que além dos “tabus” apresentados, traz exemplos lindos de solidariedade, compaixão e amor. "Anne" pode não ser uma grande série hollywoodiana, mas oferece um romance leve, e com beleza nas cenas apresentadas.


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